Governança Tributária: um diferencial estratégico para os hospitais filantrópicos
- Tatiana Corrëa
- 26 de jun.
- 2 min de leitura
A sustentabilidade dos hospitais filantrópicos no Brasil depende cada vez mais da eficiência na gestão e da adoção de práticas de governança tributária. Em um cenário marcado por alta demanda de serviços, aumento de custos e limitações de repasse pelo SUS, administrar corretamente os tributos não é apenas uma obrigação — é uma estratégia de sobrevivência institucional.
Imunidade tributária e o papel da CEBAS
A Constituição Federal, em seu art. 195, § 7º, garante imunidade às contribuições sociais para entidades beneficentes que cumpram os requisitos legais. Com a entrada em vigor da Lei Complementar nº 187/2021, os critérios de certificação e manutenção da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) foram atualizados, exigindo transparência, planejamento e controle efetivo das obrigações tributárias.
Para o hospital filantrópico, a manutenção da CEBAS significa isenção de tributos como o INSS patronal, o que pode representar dezenas de milhões de reais anuais em economia fiscal. Porém, essa economia só é possível com conformidade absoluta e capacidade de demonstrar o cumprimento da legislação.
O que é Governança Tributária?
Governança tributária é o conjunto de práticas, políticas e controles internos que garantem o planejamento, a conformidade, a transparência e a responsabilidade fiscal dentro de uma organização.
Em hospitais filantrópicos, isso se traduz por:
Mapeamento e análise contínua da carga tributária;
Monitoramento de oportunidades de isenção, imunidade e recuperação de tributos;
Controle sobre obrigações acessórias (DCTF, EFD-Reinf, RAIS, GFIP etc.);
Acompanhamento de jurisprudência e mudanças normativas (ex: LC 187/2021, IN RFB nº 1.234/2012, Pareceres da PGFN, etc.);
Integração entre os setores jurídico, contábil, financeiro e de controladoria.
Benefícios concretos para os hospitais filantrópicos
Redução legal da carga tributária:
Evita pagamentos indevidos e garante imunidade sobre contribuições sociais.
Recuperação de tributos pagos a maior ou indevidamente:
Revisão dos últimos 5 anos pode resultar em créditos importantes para reinvestimento na assistência.
Segurança fiscal e proteção contra autuações:
Evita multas, glosas em convênios e sanções administrativas.
Melhora da governança institucional e da prestação de contas:
Fortalece a imagem da entidade junto a órgãos de controle, auditores e sociedade.
Acesso facilitado a recursos públicos e certificações:
Governança robusta facilita convênios, contratos e renovações de CEBAS, OS e outras parcerias.
Caminhos para implementação
Para hospitais filantrópicos que desejam fortalecer sua governança tributária, recomenda-se:
Realizar um diagnóstico fiscal detalhado, incluindo análise de recolhimentos, compensações, isenções e imunidades;
Criar um núcleo de governança tributária interna, com apoio de especialistas em terceiro setor e saúde;
Implantar um calendário de obrigações tributárias e relatórios de conformidade;
Manter sistemática de avaliação periódica das normas aplicáveis;
Estabelecer rotinas para prestação de contas do uso da imunidade junto ao Ministério da Saúde.
Em tempos de crise econômica e aumento da judicialização, a governança tributária deixa de ser uma opção e passa a ser uma obrigação estratégica para os hospitais filantrópicos.
Mais do que garantir a imunidade, ela assegura a permanência e a relevância dessas instituições no sistema público de saúde, permitindo que continuem a cumprir sua missão de salvar vidas com excelência e dignidade.



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